sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009



O escandaloso fim do manganês da ICOMI – “Ou como não pagar multas ambientais e ainda ganhar dinheiro”

Silenciosamente ocorre uma operação de embarque do manganês extraído pela ICOMI e ainda depositado no seu antigo porto (agora da Anglo Ferrous, ex MMX), o navio já está atracado e pronto para carregar a carga de 65.000 toneladas para a empresa ECOMETALS MINERAÇÃO DO BRASIL LTDA, como resultado da cobrança junto a TOCANTINS MINERAÇÃO SA de um empréstimo não pago de US$ 2.000.000,00.

Cabe lembrar que a extinta ICOMI recebeu da SEMA em 2000 duas multas ambientais, de 40.000.000,00 e 12.000.000,00 por transporte e depósito de material contaminado) no valor total de cinqüenta e dois milhões de reais. Seus advogados recorreram ao COEMA que manteve a cobrança encerrando a fase administrativa, cabendo a Procuradoria Geral do Estado e Ministério Público fazer valer na esfera judicial.

A ICOMI foi sucedida pela TOCANTINS MINERAÇÃO SA (negócio de R$ 1,00) e “assumiu” o passivo da antecessora. Ora se ela vendeu e levarem o minério que restou não existirá mais nenhuma garantia de que algum dia pagará suas dividas, e como a dívida é pública estará lesando a sociedade como um todo.

No momento existe decisão judicial federal autorizando este embarque, falta o IMAP e a SEMA autorizarem a Licença de Operação, pois existe risco de danos ambientais no procedimento. O titular da SEMA consultou o COEMA, que se manifestou contrário, para sua tomada de decisão falta saber a manifestação da PROG, pedido endossado pelo COEMA, pois a Procuradoria está omissa no caso.

Anexo arquivo com o organograma a ser completado para que a sociedade possa saber um pouco da verdade.


VAMOS TENTAR ENTENDER ESTA QUESTÃO:


Indústria e Comércio de Minérios SA – ICOMI

Em 28/09/2004
As controladoras da ICOMI: Santana Holding Ltda, a Brasfina Participações Ltda e a Empreendimentos Meridionais Ltda venderam suas ações a ALTO TOCANTINS MINERAÇÃO LTDA por R$ 1,00. Em seguida emprestaram R$ 7.000.000,00 para que a ALTO TOCANTINS MINERAÇÃO LTDA aumentasse o capital da própria ICOMI.
No mesmo dia em Santana, a Mineração Alto Tocantins Ltda trocou de nome para Tocantins Mineração S.A.
E a Santana Participações e Empreendimentos (Ortiz e Celso Vidal Gomes) fez o mesmo.


Tocantins Mineração SA (Santana) (Jorge Augusto Carvalho de Oliveira & Jorge Luiz Azib Gomes)




ORGANOGRAMA DO ESQUEMA


Indústria e Comércio de Minérios SA – ICOMI

Em 28/09/2004
e a Santana Participações e Empreendimentos (Ortiz e Celso Vidal Gomes)


Tocantins Mineração SA (Santana) (Jorge Augusto Carvalho de Oliveira & Jorge Luiz Azib Gomes)


Contrato de penhor de 27/01/2006

Tocantins Mineração SA (Sociedade)
Empenhou como ativo 65.000 ton de manganês com 40% de Mn, estocado em Santana

DUFERCO PARTICIPATIONS HOLDING LIMITED (Guernsey) (Outorgada)
Duferco SA (Suíça) (Stefano Arancio e Massimo Bolfo)

Contrato mútuo emprestou US$ 2.000.000,00 DOIS MILHÕES DE DÓLARES


FLEXLY TRADE SA (Uruguai) (3 casais paulistas: Ribeiro, Yamamoto e Bitar) (Mutuária)

Ofereceu em garantia 150.000 ton de mineral – manganês estocado em Arujá-SP, na área da KWK, com a qual fez contrato de penhor

KWK Import e Export Ltda

Pelo contrato a FLEXLY faria que a TOCANTINS empenhasse seus bens para a DUFERCO em substituição do penhor com a KWK (vencimento em 22/06/07)

Contrato de cessão de direitos da penhora (16/10/2006)

Ironman Mining Corporation (Panamá) é matriz da Mandel Trade Corp. que é proprietária majoritária de “um empreendimento conjunto que é proprietário do minério de manganês penhorado” (TOCANTINS???)

Ironman pagou a Duferco o principal ($ 1.998.025)
a Duferco cedeu para a Ironman seus direitos no contrato de penhora do manganês da TOCANTINS

ECOMETALS LIMITED registro de mudança de nome em 09/10/2007
era GOLDMARCA ???






CRONOLOGIA:

Em 01/10/2008
Decisão da Desembargadora Federal SELENE MARIA DE ALMEIDA (TRF – 1ª Região), Relatora dos processos de apelação do GEA quanto ao patrimônio da ICOMI

Nega provimento ao recurso do GEA e considera que o produto de lavra é de propriedade da empresa

NO MESMO DIA A NOTÍCIA
http://www.geologo.com.br/MAINLINK.ASP?VAIPARA=Ecometals se associa a Alto Tocantins para projetos no Amapá:
Ecometals se associa a Alto Tocantins para projetos no Amapá
A júnior Ecometals anunciou um acordo de joint-venture com a Alto Tocantins Mineração para explorarem um projeto de manganês na Serra do Navio e a área de ferro Matapi, ambas no estado do Amapá. Pelo acordo, serão estabelecidas duas novas empresas, registradas no Brasil, uma para deter as autorizações de manganês, outra para as de ferro, sob a direção da Ecometals.
No projeto de Serra do Navio, a Ecometals adquiriu 14% dos direitos por US$ 6 milhões, garantindo ainda uma opção de comprar mais 10% por US$ 15 milhões, dentro de sete anos e meio. Situado a 195 do Porto de Santana, por onde é ligado por ramais rodoferroviários. Em Matapi, foram US$ 2 milhões desembolsados para deter 60% de 11 novas autorizações de lavra, ainda sem desenvolvimento. Segundo dados de levantamento aeromagnético, a formação ferrosa em Matapi é praticamente inexplorada até os dias de hoje; distante 6km do ramal ferroviário, a área é próxima de outros depósitos importantes, como os do sistema MMX e o de Vila Nova.
Este ano, Ecometals e Alto Tocantins dispenderão US$ 2,2 milhões em Matapi; para a Serra do Navio, não foi divulgado o valor dos investimentos.
metaisbase geoareas geojr minex - 1/10/2008 21:58:00

11/12/2008
ECOMETALS LIMITED comunicou que constituiu com a ALTO TOCANTINS MINERAÇÃO LTDA sociedade, denominada ECOMETALS MANGANÊS DO AMAPÁ LTDA (gestora do manganês em Serra do Navio)

19/01/2009
Reunião no MPE

O gerente da ECOMETALS comunica que a ALTO TOCANTINS MINERAÇÃO LTDA está tentando burlar os acordos que tem com sua empresa, que o minério de Santana foi obtido por compra de direito, pois havia sido penhorado para uma empresa no exterior, que a SEMA faria um levantamento das obrigações da ICOMI com o Estado, num prazo de 30 dias.
(a Tocantins teria vendido o minério para a LL PHOENIX LTDA)

Neste caso ver outro processo que trata do domínio da TOCANTINS

“A empresa Tocantins Mineração alega ter sido enganada pelo próprio advogado, Sr. Antônio Tavares, que vendeu os direitos do porto para a MMX. Há uma ação tramitando na 1ª Vara de Justiça da Comarca de Santana, contando até com a participação do perito Ricardo Molina, pois existem dois laudos sobre a veracidade de uma suposta procuração da Tocantins Mineração em favor do advogado, um afirmando que é verdadeira outro que é falsa, Molina e a PF afirmam que é verdadeira (Diário do Amapá, 2008). O caso também foi objeto de matéria e entrevista ao do Jornal do Dia, pelo repórter Paulo Silva, como a do Sr. Antonio da Justa Feijão que defende a desjudicialização desta questão (Silva, 2008).”

Em 06/02/2009 o DNPM informa ao MPE (Ivana)
Que a ECOMETALS LIMITED é associada da MANDEL MANAGEMENT CORPORATION e controlam a TOCANTINS MINERAÇÃO SA

Em 10/12/2008
Decisão da Desembargadora Federal SELENE MARIA DE ALMEIDA (TRF – 1ª Região)
Relatou que a TOCANTINS MINERAÇÃO SA e a ALTO TOCANTINS MINERAÇÃO LTDA sucederam a ICOMI de forma irregular, pois penhoraram o manganes de Santana por não poderem quitar seus débitos
Que aquelas empresas se associaram a MANDEL e IRONMAN dois terços das ações e direitos, ficando as TOCANTINS com um terço da antiga ICOMI
Que depois da associação a MANDEL e IRONMAN souberam da dívida com a DUFERCO, e a IRONMAN pagou a dívida
Que em seguida souberam que a TOCANTINS estava para comercializar este minério, o que resultaria prejuízos irreparáveis

Manteve a posição de que a TOCANTINS MINERAÇÃO SA é proprietária do minério em Santana (representada por Jorge Augusto Carvalho de Oliveira), e esta não se opõem a retirada do mineral considerando os acordos com a MANDEL e IRONMAN.
Decidiu pela liberação para comercialização das 65.000 ton de Santana.

Em 10/02/2009
Laudo de vistoria do IMAP
Não encontraram irregularidades que inviabilizassem a concessão da Licença Operacional – LO, pleiteada para o embarque
Recomendou a empresa que retirasse além dos minerais os resíduos e promovesse a limpeza da área.

Também recomendou que no processo fosse encaminhado a assessoria jurídica do IMAP e da SEMA, com cópias para a PROG e ao COEMA

Em 12/02/2009
Juiz federal do Amapá (1ª Vara) Anselmo Gonçalves da Silva
Mandou a Capitania dos Portos liberar o minério para a MANDEL e IRONMAN

Em 12/02/2009
O secretário estadual de Meio Ambiente envia Ofício à PROG, requerendo que esta se manifestasse para que pudesse dar continuidade ou não ao processo de licenciamento em questão.

Em 18/02/2009
O COEMA solicita que a PROG se manifeste sobre os ofícios da SEMA, a fim de respaldar uma decisão.
























segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

FÓRUM SOCIAL AMAPÁ - CARTA ABERTA


Belém – PA, 30 de Janeiro de 2009.
O Mapa dos Conflitos Socioambientais é um instrumento reconhecido, especialmente pelo movimento social, por dar visibilidade aos diversos grupos da sociedade que são excluídos dos processos decisórios no modelo tradicional de desenvolvimento econômico. Por ser participativo expressa suas percepções sobre os impactos deste modelo, adquirindo legitimidade para estes: ribeirinhos, quilombolas, educadores populares, ambientalistas, índios, extrativistas, pescadores, grupos de mulheres, associações afros, artistas populares, estudantes, agricultores familiares, etc.
Neste sentido, nós da Delegação do Movimento Social do Amapá partícipes do Fórum Social Mundial-2009, e que participamos da construção e apresentação dos Mapas dos Conflitos Sócios Ambientais do Amapá – 2008 durante o referido FSM, declaramos a este fórum, à sociedade amapaense, brasileira e mundial nossa convicção de que este produto deve ser divulgado e disponibilizado a todos e todas.
Através do conhecimento de nossa realidade e seus graves problemas socioambientais, sempre omitidos, escamoteados nos discursos oficiais e revelados neste mapa, evidencia-se a necessidade de políticas publicas e ações mais transparentes e efetivas para a resolução desses conflitos, o que têm impedido o desenvolvimento de nosso estado numa perspectiva sustentável e democrática.

Assinam esta carta:
Instituto de Estudos Sócios Ambientais – IESA
Grupo de Trabalho Amazônico Regional Amapá – GTA/AP
Sindicato dos Servidores em Educação do Estado do Amapá – SINSEPEAP
Conselho Estadual do Meio Ambiente do Amapá – COEMA
Central Única dos Trabalhadores – CUT/AP
Nossa Casa de Cultura e Cidadania – Nossa Casa
Associação de Mulheres de Vila Vitória – Oiapoque
Rede Talher/Recid
INCKB
Grupo Artístico Cultural PHILOSPOESIS
União dos Negros do Amapá - UNA
CONNGO
CCNA
FUNAI/AP
AEATA
MAMA
Instituto de Mulheres Negras do Amapá - IMENA

quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

Notícias do FÓRUM SOCIAL MUNDIAL 2009 (29 de janeiro de 2009)

























Em nosso terceiro dia no FSM apresentamos numa das salas da UFPA a oficina Mapa dos conflitos socioambientais do Amapá – 2008, onde contamos com a presença de aproximadamente 80 pessoas. O trabalho foi bem recebido e os participantes fizeram varias sugestões para aperfeiçoar e divulgar a iniciativa.
O principal encaminhamento foi de realizarmos nova reunião no dia 30 (sexta feira) a partir das 15:00 horas, fazendo concentração em frente ao estande do FÓRUM SOCIAL AMAPÁ na UFPA (Tenda de nº 02, Estande de nº 60). A partir dali nos encaminharemos ao local da plenária onde iremos elaborar um manifesto-declaração sobre os conflitos socioambientais do Amapá a ser divulgado para todo o FSM e principalmente para a sociedade amapaense.
Aos amapaenses que não puderam vir a Belém para o FSM, podemos também informar que a representação é expressiva. Vieram pelo menos três grandes caravanas em navios. A nossa representação do FSA é a maior (financiada pelo FERMA-COEMA) em conjunto com parte das representações indígenas locais e a representação da Organisation Guyanaise dês Droits Humains – UGDH (financiada pela UNIPOP e FASE), que veio em dois navios com 220 pessoas.
Outro grande grupo de é o de representantes de organizações ligadas principalmente ao setor produtivo primário (caravana financiada pelo GEA). Também o PSB em conjunto com representantes franceses formou caravana. Alem destes, outros pequenos grupos ou indivíduos vieram a Belém, e estimamos que no todo os amapaenses no FSM passem de 800 pessoas.
Anexamos algumas fotografias de nossa viajem, da marcha de abertura e da oficina do Mapa dos Conflitos Sócio Ambientais do Amapá.

Saudações a tod@s amapaenses;

Carlos Henrique Schmidt
Instituto de Estudos Sócio Ambientais – IESA